Metodologia
Vendas Criativas por Roni Szuchman
Vendas Criativas por Roni Szuchman
É um pássaro? É um avião? Não, é O Publicitário!
Toca o celular acordando nosso herói, 09h38min da manhã, mas ele não se importa de ser acordado em plena madrugada, porque ele é O Publicitário – defensor dos empresários e oprimidos.
– Socorro publicitário, minhas vendas caíram 5% este mês! – diz o cliente.
Este é um trabalho para O Publicitário!
Rapidamente ele tira seu pijama veste seu Jeans, tênis cool, camisa, cinto e seu poderoso blazer. Entra no seu carro importado e rapidamente chega ao cliente, 12h35min!
Mais rápido do que notícia de concordata, mais forte que ação integrada, mais egocêntrico que o apresentador de TV, ele é O Publicitário – aquele que tudo vê!
Por onde passa tira suspiros apaixonados (na verdade isso só acontece com publicitários bonitões como eu e não com os carecas e barrigudos como você), não há case sem solução, não há planejamento sem conclusão e nem campanha sem premiação, porque ele é O Publicitário – Seu problema acabou, O Publicitário chegou!
O cliente está desesperado, em prantos. Mostra gráficos e pesquisas, mas nada abala nosso herói, pois ele é O Publicitário – o de vida eterna! “Andei por vales e montanhas de Wall Street, meu nome está gravado nas páginas dos anuários, entrei na cova dos Leões de Cannes, eu e só eu, nenhum outro mais, porque eu sou O Publicitário, eu sempre estou certo e sempre terei razão.”
Assim O Publicitário usa seus superpoderes hipnóticos e convence o cliente a investir em mais mídia, quebrando a concorrência e o lado negro da força! – Não contavam com a minha astúcia!
Quando os 4 Ps estiverem enfraquecidos, quando o target não for mais atingido e seu analista de marketing for um otário, chame:
O Publicitário! –“Pelos poderes do Brainstorm, eu tenho a conta!”
Era uma vez… um feijão, Asdrúbal era seu nome, ele vivia em uma plantação, dentro de uma vagem. Asdrúbal queria ser famoso, mas sabia que não passava de uma comoditie, seu preço internacional variava de acordo com o mercado. Mas ele tinha sorte, o dono da plantação era um homem esperto, queria que o preço do feijão aumentasse, iria usar a lei da oferta e procura e fez a coisa mais inteligente possível: procurou um publicitário!
Logo, viam-se vários comerciais na TV sobre feijão, foi lançado um desenho animado “Feijãozinho e SeuVagem”, (as crianças comiam sopa de feijão com massinha no formato dos personagens). A apresentadora de TV mostrava a receita: tutu de feijão e declarava:
– “Meu prato favorito”.
E não parava por aí, reportagens sobre os benefícios do feijão para a saúde. Nas academias de musculação ninguém mais queria saber de açaí, Caldo de feijão era a nova moda, afinal tinha ferro, puxa ferro, toma ferro! E os velhinhos? Bingo! Ora, porque usar milho nos bingos? É amarelo, quase não se pode enxergar, vamos mudar para feijão, melhor para visualizar! E assim, toneladas de feijão foram distribuídos para todo o país nas cartelas de bingo!
O preço do feijão sobe, o mundo todo volta os olhos para o ele, o que está acontecendo? Será o feijão tão bom assim? Aumentam as exportações, chefs da alta culinária descobrem o Baião de dois, o feijão tropeiro, o virado à paulista e, é claro, o feijão com arroz.
Asdrúbal é colhido, pega um avião. Qual será seu fim? Por um tempo ninguém sabe dele, há especulações: teria virado caldo? Sido plantado em um copinho de plástico com algodão? Teria sido confundido com uma lentilha e devorado no reveillon?
Na Time Square, um novo billboard é colocado, Enjoy Feijoada! Nele uma modelo famosa, linda de doer, um sorriso fenomenal e lá, no dente canino, Asdrúbal o Feijão!
Em um reino da era medieval, vivia um bobo da corte; nunca vi nada igual! Falava em verso e rima, cantava, se equilibrava, cabeça pra baixo, pernas pra cima. Contava piadas, fazia parodias, muita ironia e gargalhadas. Mas e ai? É um bobo – você pensa – qual a diferença? Era um Bobo patrocinado. Como assim? Já lhe explico. Mas algumas linhas, eu lhe suplico. Nas festas e recepções, havia muita gente importante, reis, príncipes, barões. Ótima oportunidade de anunciar, era só com o bobo acertar! Por algumas moedas de prata seu nome entrava na corte, claro, de forma pirata. E lá ia o Bobo, todo faceiro, dinheiro na bolsa, língua afiada, tiro certeiro!
– Bem vindo nobre viajante a Corte de Felipe Terceiro, filho do Segundo, neto do Primeiro! Vejo que está um pouco cansado, isso não aconteceria se Carruagem Wilson tivesse usado!
– Hoje o Príncipe Luis teve tudo o que sempre quis, caçou Javalis ao lado de Sua Majestade, que mata os animais sem nenhuma maldade! Afinal suas flechas são certeiras. Flechas Dupont acertam de primeira!
– Venham todos se fartar o banquete já vai começar. Uvas, damascos, nozes e faisão! Tomates, beterraba, cenoura e leitão! Mas de nada adiantaria se o vinho fosse uma porcaria! O vinho da corte é de primeira, importado pelo senhor Oliveira!
Eis que o Rei é roubado! Alguém em seu tesouro havia tocado! Uma busca deveria ser feita, de ninguém havia suspeita. Em plena madrugada o Bobo foi acordado, abriu a porta todo despenteado. Os guardas acham debaixo da cama, um baú cheio de grana. Levam o Bobo todo algemado, não tinham dúvida, era culpado!
Foi levado em meio ao povo, lhe xingavam e atiravam ovo. O Carrasco encapuzado pegou com uma mão o pobre coitado. O chefe da guarda lê a sentença, olha pro Bobo com indiferença. – Suas últimas palavras Bobo da Corte! – E deixou-lhe a própria sorte.
– O que vou dizer, quero que nunca esqueça: – Machado Guliver é o melhor! Minha palavra… ou perco a cabeça!
Buy é um cara legal, evidentemente muito rico, de muitas posses, mas sem muita noção. Ele é o tipo de sujeito que compra de tudo, os últimos lançamentos. Assiste todos os comerciais. Acredita em tudo que anunciam: Lava mais branco, emagrece em sete dias, proteção total por 48 horas. Suas propriedades estão entulhadas de coisas que ele nem tem tempo de desembrulhar. Carros, utensílios, produtos higiênicos, roupas, etc, etc e etc.
Um dia, como acontece em qualquer história, aconteceu algo que mudaria sua vida para sempre. Buy assistiu um comercial de seguro de vida: – A vida não é eterna! Ele nunca tinha pensado nisto. Um dia ele morreria, essa perspectiva o encheu de horror. Quem faria as compras? Quanta coisa ele deixaria de consumir? Ele precisava fazer alguma coisa, mas o que?
– Preciso ter acesso aos produtos antes dos seus lançamentos no mercado! Infiltrou-se como entregador de pizza nas agências de propaganda. Evidentemente, passava dias lá sem ser notado. Primeiro viu as artes finais, depois conseguiu ver os layouts e finalmente os briefings. Começou a ter contato com os clientes, de onde comprava o produto ainda em desenvolvimento.
Mas isso começou a lhe deixar obsessivo, maluco e finalmente doente. Em seu leito de morte ofereceu toda a sua fortuna em troca de um único pedido: – Quero que me façam um produto nunca antes fabricado, que ninguém possuirá, feito somente para mim.
O mundo inteiro pára. Cientistas e poetas se juntam em uma causa única. Tudo que era criado já havia sido vazado para a internet e precisava ser descartado. Não era uma questão apenas de criar, era preciso criar e abrir mão do reconhecimento pela criação. Algo que mexia com a natureza humana. Máquinas foram criadas para desenvolver o produto sem que ninguém pudesse olhá-lo.
O produto foi finalizado! Uma expectativa gigantesca pairava no ar. Um forte esquema de segurança foi criado. Utilizaram um robô para levar o produto até ele. Ele o pegou em suas mãos trêmulas, abriu a embalagem, olhou para ele, sorriu e morreu.
Sete de Setembro, 4753 | Sala 1502
Curitiba Paraná